quinta-feira, 28 de abril de 2011

PESADELO



Meu amor, eu queria tanto
que este desencanto acabasse um dia!
E secasse de mim todo pranto e me trouxesse
a alegria que eu não tinha...

Que voltasses pela mesma porta que saíste!
Com os olhos cobertos de saudade...
E que fosse um sonho que ainda existisse e
fosse outra a realidade!

De mim nunca te apartaste...
Mero pesadelo!
E que feliz eu acordasse
com teu carinho em meus cabelos!

Meu amor, eu queria tanto que fosse mentira...
O teu adeus a queimar o coração!
Ainda que a verdade minha alma fira,
ao mesmo tempo que me abranda esta ilusão...

Eu queria tanto seguir me enganando!
Assim, os dias passariam e eu mal via...
Ficaria o tempo todo te esperando e,
de velho, assim morreria!

Porém, sei que tu não voltas!
E esta certeza me faz definhar aos poucos...
Sem esperança, esqueço aquela mesma porta,
quando saíste e me deixaste morto!

Jogaste a chave fora!
Deixaste-me em vil prisão...
A minha alma rasgaste sem querer,
pisaste sem pensar em meu coração!

Vivo no completo esquecimento!
É tão algoz o próprio tempo a passar...
Vivo em horas lentas!

Não consigo te esquecer! 
A saudade logo se reinventa...
Na ilusão inútil de te encontrar!

28/4/2011

ONTEM ...




Ontem eu me lembrei de você...

Os velhos fantasmas voltaram!

É que, decididamente, não consigo esquecer
os tempos bons que passaram!

Ontem, ainda ontem...
Chorei de saudade!
E de vazar pelos olhos, conformei-me,
a parte triste que me cabe!

Ontem, quando a noite gemia,
no vento frio a balançar os arvoredos...
Trazia melancólica sinfonia,
que vinha beijar os meus lábios, qual seu beijo!

Ontem reli velhas cartas e revi tantas fotos...
Registros amarelados de então!
Ontem, ainda ontem...
Sangravam a alma e o coração!

Perfumes esquecidos...
Roupas que ainda guardam teu cheiro!
Batons que protegiam teus lábios,
shampoos em meio uso no banheiro...

Ontem o dia inteiro foi assim!
Lembranças que não paravam de chegar...
Um carteiro que chegava do sem fim,
pela noite mansa de luar!

Ontem, ainda ontem choravam os jardins...
Com suas flores orvalhadas!
E minhas mãos vazias não as roubavam
como antes, para entregarem à minha amada!

Ontem descobri que você é tudo!
Seria tarde demais?
E no meu grito mudo, percebi que o tempo,
infelizmente, não volta mais!

Ainda ontem, descobri que eu morri...
Sem que ouvisse meus ais!
Na ausência e gelo, nunca eu esqueci você...
Entregue aos próprios temporais!


27/4/2011